sábado, 14 de abril de 2012
terça-feira, 20 de março de 2012
sábado, 10 de março de 2012
Ah! Manoel
Tudo que não existe é mais bonito
Desde pequeno tenho a esquisitice de desarranjar as coisas
de propósito.
Um quintal desarranjado fica maior,
fica do tamanho do mundo.
Sempre que o pai falava que íamos mudar de casa, de cidade,
eu tratava de juntar meu desarranjo pra juntar com o próximo
quintal.
E o mundo ficava cada vez maior dentro da minha cachola.
Assim a solidão do abandono ficava com peso de pena de
pardal
e o novo quintal ficava agigantado.
Nenhuma idéia era absurdidade que não desse pra ser verdade.
Nem idéia árvore, nem idéia passarinho, nem idéia nuvem nem
idéia bicho,
porque passarinho nunca foi bicho, nem no desarranjo do meu
quintal.
Vivia num mundo só meu, desinventado.
Nesse mundo nada podia ser comprovado.
Nem mesmo a mentira
Esse texto é uma muito pequena homenagem ao poeta maior Manoel de Barros.Conheça O poeta em:http://www.releituras.com/manoeldebarros_menu.asp
quinta-feira, 8 de março de 2012
É com caco de palavra
que reinvento meu eu
e da solidão vivida incondicionalmente
tiro minha força.
sou um fragmentista inveterado.
Cato por ai restos de pensamento
Para construir uma verdade.
Sempre fui dado a restos.
O gênero humano descarta o simples.
E nada reclama tanto trabalho
como construir simplicidade
Obra/Artista:
Tudo Continua Sempre – 1974 - Farnese de Andrade
Tudo Continua Sempre – 1974 - Farnese de Andrade
domingo, 4 de março de 2012
Foi de pequeno que aprendi a voar
sem precisar de asas.
engolia livro de montão
e palavras saiam cabeça afora
com asas borboletantes.
era nelas que pegava céu.
pegava nuvem rapidim
só precisava de um ventinho,
coisa poca, pra subir.
Os fios nos postes medavam de gelar barriga.
nunca soube porque passarinho não tem
Eu tinha.
mas subia assim mesmo.
só tinha que ser vento de contra.
e la ia eu
mundão afora.
o que eu mais gostava era pegar vento de repiquete
e dar cambalhota.
Mas nunca perdia de vista
meu quintal desinventado.
Vai que o vento acabasse......
sábado, 3 de março de 2012
Que vôo delicioso!
Me atirei da nuvem branquinha
mesmo com um friozinho na barriga.
Daqueles de medar de gelado.
Assim que cai no chão um menino perguntou-me:
-o que você foi fazer numa nuvem?
procurar o lado de dentro dela ué!
-Mas quem te disse que nuvem tem lado de dentro?
um anjo.
-Mentira!
tem sim.
- você achou?
miolo de nuvem é que nem papel,
só consigo escrever do lado de fora deles
mas tenho certeza que tem lado de dentro
e quando achar vou escrever uma poesia.
dessas de palavras bem simples
que como miolo de nuvem,
somem no primeiro sopro.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Não tenho medo da
solidão
Vivo bem com o nada e
meus medos.
os medos agarrados de
frente,
tomam dimensão de
letra
e a gente pode
escrevê-los como quiser.
triste é solidão do
abandono,
solidão da miséria
solidão da culpa.
Solidão de rancor e
mágoa então,
coroe qualquer alma.
O que me apavora
é solidão
acompanhado.
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